Nùcleo de Teatro de Rua ELT

Tuesday, May 23, 2006

TEATRO POPULAR DO NORDESTE - TPN

Uma Experiência de Identidade Cultural Trabalhar os valores culturais do povo nordestino em forma de teatro, mesmo que esse teatro fosse uma encenação dos trágicos gregos ou ainda de outros estrangeiros de gerações mais próximas como Ibsen e Garcia Lorca, era o ideal de um grupo de atores, técnicos e outros artistas engajados ao TPN, liderados por Hermilo Borba Filho e Ariano Suassuna.

Fundado em 1958, o Teatro Popular do Nordeste dava, na verdade, continuidade ao trabalho artístico e cultural dos ideais do Teatro do Estudante de Pernambuco (fundado em 1946), onde se buscava a redemocratização da arte cênica brasileira, partindo do princípio de que, "sendo o teatro uma arte do povo, deve aproximar-se mais dos habitantes dos subúrbios, da população que não pode pagar uma entrada cara nas casas de espetáculos e que é apática por natureza, de onde se deduz que os proveitos em benefício da arte dramática serão maiores levando-se o teatro ao povo em vez de trazer o povo ao teatro". - Estas palavras pronunciadas por Hermilo em sua conferência na Faculdade de Direito do Recife, em 1945, tornaram-se de fato um manifesto que criou o Teatro do Estudante de Pernambuco, abrindo um caminho a ser percorrido, com os devidos ajustes, pelo Teatro Popular do Nordeste.

Como o nome sugere, o TPN fez questão de valorizar a literatura, o teatro e a poesia popular nordestina, levando ao palco de sua casa de espetáculos na Avenida Conde da Boa Vista, a preço popular, montagens que transpiravam os costumes do povo desta terra, exatamente como se punha artisticamente o Teatro do Estudante de Pernambuco nas praças e pátios ao ar livre, de graça, mas que, por questões econômicas o TPN (que era um grupo profissional) necessitava de um edifício teatral que permitisse cobrar ingresso. Ingresso a preço que possibilitassem os operários e os estudantes assistirem aos espetáculos.

Defendendo um projeto de cultura popular através do teatro, o TPN definia assim a sua ideologia: "Nosso teatro é popular. Mas, popular para nós, não significa, de maneira nenhuma, nem fácil nem meramente político. Incluem-se aí os trágicos gregos, a comédia latina, o teatro religioso medieval, o renascimento italiano, o elizabetano, a tragédia francesa, o mundo de Molière e Gil Vicente, o século de ouro espanhol, o Teatro de Goldoni, o drama romântico francês, Goethe, Schiller, Anchieta, Antônio José, Martins Pena e todos aqueles que no Brasil, principalmente no Nordeste, vêm procurando e realizando um teatro dentro da seiva popular coletiva" - Reencontra-se nesse pensamento e nessa atitude do TPN, como teatro declarado popular e legítimo, agora com palco, o que o canto, a dança e a música já faziam nos autos folguedos espalhados pelas ruas. Ou seja, a celebração de uma arte popular, identificada e acessível a comunidade em que ela está inserida.

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